A Importância da higiene bucal na terapia intensiva

06/11/2011 15:30

Certo dia estava lendo sobre um artigo que saiu na revista brasileira terapia intensiva que tinha o seguinte título: “Análise de percepções e ações de cuidados bucais realizados por equipes de enfermagem em unidades de tratamento intensivo”

A partir desse momento comecei a me interessar sobre o assunto e passei a perceber que normalmente as equipes de enfermagem conhecem pouco sobre as patologias bucais e desconhecem vários recursos de higiene bucal que poderiam ser utilizados e sem conter que na maioria dos serviços onde trabalhei normalmente se faz higiene oral umas 3 vezes durante um período de 24 horas.Na grande maioria das vezes esses cuidados vem na prescrição médica ou seja é o médico que prescreve esse tipo de cuidado ou por falta da presença de um Cirurgião Dentista ou por falta de conhecimento do Enfermeiro da unidade sobre o tema em questão.

Esses cuidados são realizados de modo empírico,como uma receita de bolo que serve para todo mundo mas isso não é o correto  pois cada paciente tem que ser avaliado e a partir da avaliação individual deve ser traçado um plano de cuidados.Os estudos são bem claros porém enfermeiro não se interessa muito nesse tipo de cuidado.Vou no decorrer do texto mostrar que fatores como temperatura,pH,fluxo salivar e outros fatores influenciam na microbiota da cavidade bucal.Vou mostrar relação da doença periodontal com doenças sistêmicas.

Lembrando que a função do enfermeiro é prestar o cuidado,quando for achado qualquer alteração seja uma gengivite,cálculo,Abscesso Periapical, uma doença periodontal,deve-se  solicitar uma  avaliação do cirurgião dentista.Nossa função como enfermeiro e avaliar e prestar cuidado impedindo assim um maior acúmulo de microrganismos na cavidade bucal e piora do quadro já instalado.

 

                   

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Mais antes de falarmos sobre higiene oral dentro da terapia intensiva vamos falar um pouco sobre microflora oral.

De acordo com Marsh (2005)a boca é como outras áreas do corpo por possuir uma microflora natural com uma composição característica,que na maior parte do tempo vive em relação harmoniosa com o hospedeiro.Talvez com mais freqüência que em outras partes do corpo,mais está relação pode se alterar e gerar uma doença na boca.Em algum momento da vida pode haver um desequilíbrio na composição da microflora oral com isso gerando doenças na boca.

As manifestações clínicas mais comuns de tais desequilíbrios incluem as cáries dentárias e as doenças periodontais.

Estudos de Grewal (apud Mangueira,2011,p.1), cárie dentária e uma doença crônica que progride de forma lenta. Seu primeiro sinal clinico e representado pela mancha branca ativa.Na ausência do tratamento, a lesão evolui até a destruição da estrutura dentária. Os sinais da doença podem variar desde perdas minerais em nivel ultra-estrutural até a destruição total do elemento.(Fejerskov O,2005 apud Mangueira,2011,p.1) .

A gengiva saudável é representada por características clínicas específicas como cor rosa-pálida, superfície fosca e pontilhada, consistência firme e resiliente, forma dependente do volume e contorno gengival sendo a margem fina e terminando contra o dente como lâmina de faca. Quando submetida à sondagem periodontal, sua profundidade poderá variar de 1-3mm, não devendo apresentar sangramento a este exame (GENCO; COHEN; GOLDMAN, 1997).

   FONTE: https://2.bp.blogspot.com/_wya_Y27oLsA/Snd5gOx0bSI/AAAAAAAAcDI/aqltNNhtaFU/s400/foto22gengiva-1.jpg

 

 

Inicialmente ocorre um desequilíbrio entre bactérias e defesas do hospedeiro que leva a alterações vasculares e à formação de exsudado inflamatório,clinicamente evolui com alteração da cor da gengiva, hemorragia e edema, sendo uma situação reversível, caso sejam removidos os factoresetiológicos (bactérias).Esta situação, definida como Gengivite, promove a fragilização das estruturas, o que possibilita um maior acesso dos agentes bacterianos agressores e/ou seus produtos às áreas subjacentes, podendo resultar na formação de bolsas periodontais, com perda óssea e uma contínua migração apical do epitélio(epitélio longo de união). ALMEIDA e cols.(2006).

  FONTE: https://static.infoescola.com/wp-content/uploads/2010/07/gengivite.jpg

 

 

A doença periodontal, de origem infecciosa e natureza inflamatória, é o resultado de um processo interativo entre o biofilme dental (BD) e os tecidos periodontais. Geralmente ocorre a destruição dos tecidos de suporte do dente por meio da ação direta de bactérias e de seus subprodutos, ou por ação indireta, onde as reações de destruição tecidual são mediadas pelo hospedeiro. Esta interação é complexa, e é influenciada por fatores genéticos, ambientais, imunológicos, comportamentais, entre outros. ( SUSIN et al., 2004 apud SATO,2009,P.12).

  FONTE: https://www.odontovila.com.br/MyImages/Unbenannt-2.jpg

 

 

De acordo com Papapanou (1996) não existem evidências para se afirmar que toda gengivite não tratada sempre progredirá para periodontite.

Abscesso periapical, segundo Estrela e Figueiredo(2001), é uma resposta biológica, frente a diversos agentes, químicos e físicos, ressaltando-se os microbiológicos, isto é, a presença de infecção no canal radicular e por vezes no periápice. De fato, a inflamação periapical ocorre quando os agentes agressores da polpa, como os microrganismos, invadem e colonizam os tecidos periapicais, podendo, tal fato, ocorrer antes da totalidade da necrose pulpar.

  FONTE: https://4.bp.blogspot.com/_anZpXoob4XQ/S64Dzao2vFI/AAAAAAAAAJ0/UhXkar8mHXQ/s400/abscesso+3.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

ALMEIDA, ricardo faria e cols. associação entre doença periodontal e patologias sistémicas. rev port clin geral 2006.

 

Estrela CE, Figueiredo JAP. Endodontia – princípios biológicos e mecânicos. São Paulo: Artes Médicas; 2001.

 

Fejerskov O, Kidd EAM. Carie dentaria: a doenca e seu tratamento clinico. Sao Paulo: Santos; 2005.

 

GENCO, R. J.; COHEN, D. W.; GOLDMAN, H. M. Periodontia Contemporánea. 2 ed. São Paulo: Santos,

1997. cap. 8 e 9, p. 117-134

 

Grewal H, Verma M, Kumar A. Prevalence and dental caries and treatment needs in the rural child population of Nainital district, Uttaranchal, J Indian Soc Pedod Prevent Dent 2009; 27(4): 224-6.

 

Mangueira, Dayane Franco Barros e cols. Cárie e erosão dentária: uma breve revisão. Odontol. Clín.-Cient., Recife, 10 (2) 121-124, abr./jun., 2011.

 

Papapanou PN. Periodontal diseases: epidemiology. Ann Periodontol 1996;1:1-36.

 

SATO, lissa yuka menezes.Higiene bucal com clorexidina na

prevenção da pneumonia associada à  ventilação mecânica.Manaus,2009.

 

 

 


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