Capnografia na Unidade Terapia Intensiva

23/06/2011 13:26

 

 

Capnografia é uma técnica importante, não invasiva que fornece informações sobre a produção de CO2, perfusão pulmonar e ventilação alveolar, padrões de respiração, bem como a eliminação do CO2 do circuito do aparelho e ventilador pulmonar. Nos gases expirados, a capnografia indica a quantidade de CO2 que é eliminada dos pulmões para o equipamento. Indiretamente reflete a produção de CO2 pelos tecidos e o transporte de CO2 para os pulmões pelo sistema circulatório

A capnografia fornece um método rápido e confiável para detectar situações de ameaça a vida do paciente (mau posicionamento de tubos, falhas não esperadas no ventilador pulmonar, falha na circulação e problemas na respiração) e que possam causar seqüelas.

A medida do CO² ao final da expiração ETCO² ( end tidal CO2), permite a monitorização contínua e não invasiva do gás alveolar, indiretamente refletindo seus níveis circulantes. O EtCO2 estima, com alguma precisão, a PaCO2 porque o CO2 nos alvéolos e nos capilares pulmonares está em equilíbrio.

 

 A medida do CO2 expirado traz informações sobre a perfusão pulmonar (quanto menor o fluxo pulmonar menos CO2 é expirado), a ventilação alveolar (quando menor a ventilação pulmonar mais alto o CO2 expirado) e até o débito cardíaco (quedas importantes na pressão arterial cursam com baixo CO2 eliminado).

 

 

Em condições normais a PaCO2 é em torno de 5mmHg superior ao EtCO2. (PaCO2 varia de 35-45mmhg).

 

Correlação PaCO2 – EtCO2; Todo o CO2 produzido no metabolismo (±200mL/min) é eliminado para os alvéolos quando o sangue passa pelos capilares pulmonares. Não havendo qualquer problema de difusão a diferença EtCO2 - PaCO2 será pequena, mas nunca zero devido a fração de shunt fisiológico e espaço morto fisiológico.

 

 A diferença EtCO2-PaCO2 aumenta quando há redução do fluxo pulmonar (choque, tromboembolismo pulmonar, shunt intracardíaco em doenças congênitas do coração).

 

 

                                                       Figura 1                 2   

  

Fonte: www.concursoefisioterapia.com/2010/08/capnografia-e-capnograma.html

Na figura:1  em uma pessoa normal a diferença  EtCO2-PaCO2 era de 3mmhg enquanto que no paciente com tromboembolismo pulmonar figura:2 a diferença EtCO2-PaCO2 é de 22mmhg.

 

 

Existem dois tipos de capnógrafos: sidestream e mainstream. A diferença está na localização do sensor. o mainstream fica junto ao paciente; “é inserido entre

o tubo endotraqueal e o circuito de respiração” (PAZ, 1996), existindo um fio que leva o sinal elétrico do sensor até o equipamento de monitorização.

 

 

               mainstream

 

  

Capnograma dividido em fases

  Fonte: www.concursoefisioterapia.com/2010/08/capnografia-e-capnograma.html

 

  

o capnograma está dividido dois segmentos (expiração e inspiração) e em 4 fases (0, I, II e III). A fase 0 é a fase de inspiração, a expiração é dividida

em 3 fases (I, II e III) o ângulo Alfa (entre a fase II e III) representa o estado V/Q do pulmão (explicado abaixo) e o ângulo Beta (entre fase III e 0) representa o início da inspiração.

Após a troca de gases nos alvéolos, a concentração de CO2 é superior na parte inferior do pulmão, diz se então que o V/Q (V=ventilação, Q=perfusão) é maior e na parte inferior o V/Q é inferior, de acordo com BHANANI-SHANKAR (2004) isto ocorre pois a perfusão sanguínea é melhor na parte inferior o pulmão. Como os gases que estão na parte superior do pulmão são expelidos antes que os gases que estão na parte inferior, a fase III de capnograma tende a ter uma inclinação positiva, pois o gás com maior concentração de CO2 sai por último.

 

Na inspiração, a concentração de CO² no ar é zero; em seguida, quando o paciente começa a expirar, inicialmente a taxa de CO² não se eleva (fase I da curva), pois o ar que está saindo representa o gás das vias aéreas de condução (parte do espaço morto anatômico).

 

Na seqüência, notamos uma elevação progressiva na concentração do CO², (fase II). Seguir, uma fase de equilíbrio, platô, que representa a saída do gás alveolar (fase III). Platô expiratório (PetCO2 – valor máximo de CO2, detectado ao final da expiração). Este valor representa, com uma boa aproximação, o CO² alveolar. Linha descendente ou zero – inspiração. Logo após  linha basal – início da expiração, (fase I da curva).

 

  

Os diagnósticos mais comuns com base nas alterações da EtCO2 são:

 

• EtCO2 alto: hipoventilação alveolar, hipermetabolismo (hipertermia maligna, hipertermia, hipertireoidismo).

 

• EtCO2 baixo: hiperventilação/ Et- CO2 baixo: hipotensão arterial grave.

 

• A exalação após inspiração profunda ("suspiro") acompanha-se também de elevação da PETCO². É encontrada precocemente em crises de hipertermia maligna. Outros estados hipermetabólicos (como sepse, tireotoxicose e aumento do fluxo sangüíneo pulmonar) reproduzem este efeito sobre a capnometria. Pelo contrário, a redução progressiva da PETCO² indica redução da perfusão pulmonar hipotermia ou hiperventilação.

 

• A capnometria reflete indiretamente o estado da circulação pulmonar e a oferta de CO² para as câmaras direitas. Baixo débito cardíaco (choque) e embolia pulmonar (aérea, fluido amniótico e tromboembolismo) diminuem a perfusão de segmentos alveolares que, deste modo, não participam das trocas gasosas.

 

 

  Matérial em PDF: capnográfia unidade intensiva.pdf (271,3 kB)

 

 

 

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

 

JUNIOR,José Otávio Costa Auler e cols;Manual Teórico de Anestesiologia para o Aluno de Graduação,página 23,editora Atheneu.FMUSP.

 

TAKAOKA,Flávio e cols;Anestesiologia.Página.265.São Paulo.SAESP.

 

 

NETO, Álvaro Réa e cols; Consenso Brasileiro de Monitorização e Suporte Hemodinâmico - Parte IV: Monitorização da Perfusão Tecidual.São Paulo, Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 18 Nº 2, Abril – Junho, 2006.

 

MOREIRA, Marcos Mello e cols;  Avaliação do Espaço Morto Alveolar no Tromboembolismo Pulmonar e no Choque Hemorrágico Experimentais.São Paulo,2004. Revista Brasileira Terapia Intensiva.

 

RANGEL,Fernando oswaldo dias; A monitoração do paciente com choque circulatório.São Paulo,2001. Rev SOCERJ Vol XIV NO 2.

 

 

AMARAL,José Luiz Gomes do: Monitorização da Respiração: Oximetria e Capnografia.São Paulo,1992. Revista Brasileira de Anestesiologia.


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